m uma apresentação com tom modesto neste domingo (29), o fundador do Centro de Inovação da ONG Um Teto para Meu País, Julián Ugarte, apresentou metas ambiciosas: a associação quer acabar com as favelas chilenas até 2014 e conectar à internet cerca de 4 milhões de pessoas carentes.
“Se um mané que nem eu, que veio de uma cidade pequena de um país no fim do mundo e não estudou em uma escola mediana pode fazer esse tipo de coisa, todo mundo pode fazer”, disse, durante a fala na Campus Party de Recife, evento que vai até esta segunda (30).
Yuri Gonzaga/Folhapress | ||
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Julian Ugarte, fundador da ONG chilena Teto |
Ugarte conta que, quando da fundação da organização (1997), havia 120 mil famílias chilenas vivendo em favelas. O voluntariado no país, alavancado por jovens cuja idade máxima é “26 ou 27 anos”, mudou esse cenário, diz o designer industrial.
“Ao invés de passar um final de semana tomando caipirinha com seus amigos, iam morar numa favela e construir moradias de emergência. E só isso os torna super-heróis.”
Segundo a ONG, cerca de 500 mil voluntários ajudaram a construir 85 mil moradias de emergência e 3.310 definitivas na América Latina. A meta para 2012 é entregar mais 13 mil casas provisórias.
“A Teto cresce muito rápido, mas não é o suficiente para sanar os gravíssimos problemas que tem o mundo. Um terço da população mundial não tem energia elétrica, por exemplo.”
A ideia não é fazer o mesmo que o governo chileno fazia na década de 90, segundo Ugarte, levando pessoas para zonas isoladas: “Isso não inclui as pessoas, mas cria guetos”, diz.
A filial brasileira é uma entre as 19 que existem, todas latino-americanas.
ALUGUEL DE PCS
Para conectar os chilenos à internet, a ONG lançou um projeto que, ao invés de dar ou de vender notebooks para pessoas carentes, os aluga por cerca de R$ 40 mensais, preço que direito a conexão ilimitada à internet.
O valor representa metade do que as famílias pobres do Chile costuma gastar em LAN houses, segundo Ugarte. O projeto tem participação da Telefónica.
“Estávamos desenvolvendo um aplicativo para conectar as pessoas. Mas elas não tinham nem conexão. Então tivemos a ideia do projeto.”
O Chile tem IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) de 0,805, segundo dados da ONU de 2011. Isso coloca o país na “elite” do indicador –é o 44º país mais bem colocado. O Brasil tem IDH de 0,718 (intermediário, 84º melhor).
Fonte: Jornal Folha de São Paulo