Há cerca de dez anos, quando ainda era CTO (Chief Technology Officer) da Pixar, Greg Brandeau iniciou com alguns colegas uma discussão sobre o fato de algumas empresas conseguirem inovar repetidamente. Ele lembra que, na época, a Pixar vinha de cinco filmes que foram sucesso consecutivamente, faturando, juntos, cerca de US$ 14 bilhões, algo que nenhum outro estúdio conseguia.
O segredo do sucesso da Pixar, e de outras empresas com resultados semelhantes, foi tema da palestra realizada por Brandeau nesta terça-feira, 21, no CIAB Febraban. Na abertura, o executivo lembrou que, na época em que começou a pensar no assunto, havia no mercado livros fantásticos sobre inovação e sobre liderança, mas nenhum sobre o que os líderes faziam para provocar a inovação.
“Na Pixar, percebemos que o resultado do nosso trabalho não acontecia por contarmos com os melhores profissionais do planeta, mas por causa do modo como nos organizávamos”, revela. Com um grupo de profissionais, o executivo começou uma peregrinação por diversas empresas do mundo com o objetivo de entender o que os líderes inovadores faziam nos mais diversos segmentos. Nascia ali o conceito de ´gênio coletivo´.
Para reunir as características que determinavam o perfil da empresa inovadora, Brandeau e sua equipe ouviram executivos e executivas de empresas conhecidas, como Google, Volkswagen e IBM; e de outras nem tanto, como HCL e Pentagram. Em comum, todos tinham líderes que pensavam de forma diferente.
Como exemplo, Brandeau citou cientistas como Thomas Edison e Einstein que, juntos, contavam com milhares de patentes registradas. Ele lembra que ambos trabalhavam com várias pessoas e que suas patentes eram resultado de um forte trabalho em equipe.
“Todos acham que inovação é algo novo. Na verdade, é algo novo e útil”, diz. Para chegar a esse resultado, os líderes inovadores, como Edison e Einstein, procuram contratar pessoas inteligentes e criar um contexto para que estas pessoas atuem. Outro exemplo: Steve Jobs comprou a Pixar em 1986 por US$ 10 milhões e a vendeu para a Disney, 20 anos depois, por US$ 7,4 bilhões. “Alguma coisa aconteceu neste meio tempo”, provoca.
Para Brandeau, há três princípios comuns adotados pelas empresas inovadoras, que ele chama de abrasão criativa, agilidade criativa e resolução criativa. O primeiro trata da habilidade de gerar ideias por meio de discussões e debates. O líder tem a habilidade de estimular discussões entre as pessoas e de formar equipes diversificadas para isso, com pessoas de sexos, idades e culturas diferentes. “Quando se cria um grupo diversificado, os resultados são melhores”, afirma.
Outro princípio, o da agilidade criativa, significa que a empresa sabe onde quer chegar e sabe que, para isso, vai precisar realizar experiências rapidamente. “O Vale do Silício levou isso ao extremo. É preciso fazer experiências e, quando os experimentos falham, você está aprendendo com eles”, defende.
Por fim, a resolução criativa, representada pela habilidade de tomar decisões integradas. Brandeau lembra que é comum, em reuniões, diferentes grupos discutirem para defender seu ponto de vista. O resultado será tanto melhor quanto maior for a capacidade de as pessoas envolvidas chegarem a um consenso, ou a um terceiro ponto de vista.
Tudo isso forma o conceito de ´gênio coletivo´, chamado assim porque o grupo, ou a empresa, só será bem-sucedido se todos trabalharem juntos, mas com a contribuição individual de cada um dos membros. Para isso, as empresas precisam contar com um propósito comum que reúna as pessoas e as faça trabalhar juntas por um objetivo; valores como ambição, colaboração e responsabilidade; regras de engajamento, como respeito, confiança e influência; e aprendizado.
Fonte: Convergência Digital